Está no ADN da Marionet formular perguntas e procurar responder-lhes, mesmo que não o consiga, conjugando a dimensão subjetiva e emocional dos artistas com que trabalha com o olhar preciso e desconfiado dos cientistas que coloca no seu caminho. Para construir o BCC acompanhámos o Instituto do Mar – Centro do Mar e Ambiente durante quase dois anos, olhando com especial atenção a vida dentro dos rios, plural, complexa e ameaçada como a nossa.
BCC é a nossa reflexão sobre o importante tema das alterações climáticas e outras alterações importantes que cada um de nós provoca com a sua ação quotidiana.
Como num email em que não conhecemos os destinatários ocultos, a nossa vida parece muitas vezes estar a esconder de nós mesmos o essencial. Aparentemente translúcida como um riacho de água corrente, a nossa existência é parte de um caos impossível de compreender com o olhar.
A Humanidade está a tornar o planeta insuportável e quente, diriam os macroinvertebrados que vimos à lupa durante esta residência.
Já passaram mais de dois anos desde a primeira vez que visitámos o trabalho desenvolvido no grupo Freshwater Ecosystems and Catchment Areas do IMAR-CMA, quando nos surpreendemos pela primeira vez com a imensa vida existente nos rios e desenvolvemos consciência da fragilidade e complexidade destes ecossistemas e das constantes ameaças a que a Humanidade os expõe.
+INFO
Teatro da Cerca de São Bernardo | Coimbra
16 a 20 de março de 2011 | 21h30 e 16h00
Classificação etária | M/12
Duração | 1h30
Folha de Sala
O fascínio pelo quase invisível mundo dos macroinvertebrados e a vontade de colocar as atenções no tema muito atual das alterações climáticas fez-nos persistir neste projeto e agora, finalmente, levá-lo a palco.
Durante a nossa residência neste centro de investigação fomos recolhendo amostras do trabalho científico aí desenvolvido para o trabalho que viríamos a compor. Fomos ao campo observar a relação entre os cientistas e os seus objetos de estudo, estivemos no laboratório a vê-los criar experiências controladas, apreendemos os seus métodos, os seus motivos, as suas visões do mundo, as suas dúvidas, as suas perguntas. E fomos estabelecendo as bases para a nossa própria experiência no nosso laboratório.
No momento em que iniciámos a fase final do nosso projeto, já a apontar a uma performance coletiva criada a partir dos materiais recolhidos e das experiências vividas, parecia inevitável dar a conhecer o microcosmo dos rios e da vida que os habita, pelo fascínio que nos provocou. Contudo, as variáveis da nossa experiência não foram completamente controladas, talvez assinalando aqui uma diferença fundamental entre arte e ciência, e o resultado é uma inesperada reflexão sobre o ser humano. Com a lupa a incidir numa caixa de petri com macroinvertebrados potencialmente ameaçados por um aumento global da temperatura média do planeta, descobrimo-nos a olhar para um espelho a tentar perceber as razões de fazermos como somos.”
O IMAR-CMA é uma unidade de investigação do consórcio Instituto do Mar criado em 1994. O IMAR-CMA, sediado na Universidade de Coimbra, é uma unidade classificada de Muito Bom por painéis internacionais da Fundação para a Ciência e Tecnologia. Os mais de 100 investigadores do IMAR trabalham em áreas complementares em estudos focados nos ecossistemas costeiros e das águas interiores. Os estudos da unidade de investigação fornecem respostas científicas e técnicas a entidades públicas e privadas relacionadas com avaliação e gestão da qualidade ecológica; otimização do uso dos recursos hídricos; e desenvolvimento de estratégias de conservação biológica. A linha 2 do IMAR – Centro do Mar e Ambiente (Freshwater ecosystems and Catchment areas) desenvolve especificamente estudos relacionados com a decomposição de material foliar, a biomonitorização dos rios, e ainda a interação entre os nemátodos e as plantas.
Discussão e Ideias Alexandre Lemos, Dinis Santos, Emanuel Botelho, Joana Cardoso, Joana Pupo, Maria João Feio, Mário Montenegro, Miguel Lança, Pedro Andrade, Pedro Augusto, Rafaela Bidarra, Rui Simão, Tiago Serra
Texto Mário Montenegro
Interpretação Joana Pupo, Mário Montenegro, Miguel Lança, Rafaela Bidarra
Cenografia e Imagem Pedro Andrade
Figurinos Joana Cardoso
Banda Sonora Original e Sonoplastia Pedro Augusto
Desenho de Luz e Direção Técnica Rui Simão
Vídeo Dinis Santos, Miguel Marinheiro
Software Generativo Tiago Serra, Victor Martins
Registo Vídeo João de Almeida
Fotografia de Cena Francisca Moreira
Penteados Carlos Gago
Consultoria Científica Maria João Feio
Investigadores do IMAR-CMA que colaboraram na residência artística Ana Gonçalves, Cristina Canhoto, João Carlos Marques, Manuel Graça, Maria João Feio, Maria Gabriel, Sónia Serra, Verónica Ferreira
Direção de Produção Alexandre Lemos
Produção Executiva Emanuel Botelho, Lígia Anjos
As pinturas reproduzidas nos materiais gráficos são da autoria de Carlos Seabra
Apoio
Ministério da Cultura/DGArtes
IMAR-CMA – Instituto do Mar – Centro do Mar e Ambiente
A Escola da Noite
Câmara Municipal de Coimbra
Fundação Bissaya Barreto
Ilídio Design
MAFIA – Federação Cultural de Coimbra
Rádio Universidade de Coimbra
Teatro da Cerca de S. Bernardo
TEUC – Teatro dos Estudantes da Universidade de Coimbra
Agradecimentos
Agradecemos a colaboração do IMAR-CMA, especialmente a: Ana Gonçalves, Cristina Canhoto, João Carlos Marques, Manuel Graça, Maria João Feio, Maria Gabriel, Sónia Serra, Verónica Ferreira. Agradecemos também a Nicolai Sarbib, Carlos Seabra, Carlos Gago, Teresa Pato e a toda a equipa d’A Escola da Noite.
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O projeto BCC é o culminar de uma residência artística no IMAR-CMA, onde acompanhámos essencialmente dois projetos da sua linha de investigação 2: o projeto PTDC/AAC-AMB/105297/2008 “Aquaweb”, coordenado por Maria João Feio, e o projeto PTDC/CLI/67180/2006, “Predicting the effect of global warming on stream ecosystems”, coordenado por Cristina Canhoto.
- Produções
- IMAR-CMA | BCC - Blind Carbon Copy