Revolução dos Corpos Celestes induz-nos uma reflexão sobre a nossa posição no universo. Regressa uns séculos atrás, quando nos colocámos no centro do mundo com todos os outros astros então conhecidos a rodarem à nossa volta. Uma posição então defendida pela Igreja, interessada no lugar de destaque em que essa visão cosmológica nos colocava. No centro da atenção de Deus.
Ptolomeu, Copérnico e Galileu atravessam com passos interrogativos os poucos metros da sua sala de trabalho e revelam-nos a profundidade das suas questões, que extravasam o âmbito científico. São questões filosóficas, religiosas, sociais, políticas e pessoais associadas às pesquisas cosmológicas que empreendem.
No espetáculo, Ptolomeu encontra uma justificação matemática para a posição da Terra no centro do universo, tal como indicava Aristóteles, e adormece satisfeito com a sua conquista. É um sono de 14 séculos com a Terra parada no centro.
A luta entre o espírito conservador e o espírito livre agitam este sono do qual o cientista desperta de madrugada, atormentado, e já na pele de Copérnico. Este trava uma luta interior entre as suas crenças religiosas e as suas crenças científicas, que exigiam, estas últimas, o Sol no centro do mundo e a Terra a girar em seu redor. Copérnico acaba por colocar o Sol no centro e adormece exausto da luta.
Desperta Galileu. Começa a amanhecer. E desperta o espírito científico e da experimentação. O telescópio apontado para os céus apresenta provas que começam a deitar por terra as ideias geocêntricas ainda fortemente presentes nesse século XVII e profundamente ligadas às Sagradas Escrituras. A luta do cientista deixa de ser interior para passar a ser exterior. E termina com o seu sacrifício. Galileu é condenado pelo Santo Ofício, acusado de heresia por defender a posição do Sol no centro do universo e a Terra a mover-se em seu redor.
Apoiado nas vidas destes três homens, esta peça traça a evolução da cosmologia e a evolução da visão do homem sobre o mundo e sobre si próprio.
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Museu Nacional da Ciência e da Técnica | Coimbra
10 a 15 de dezembro de 2001 | 21h30
Folha de Sala
Este trabalho marcou o início de um projeto que depois se tornou central na pesquisa artística da Marionet: as relações Arte & Ciência. Uma abordagem que visava primeiro a aproximação entre a Ciência e o Teatro. Daí a importância para nós, companhia de Teatro, de partilhar a responsabilidade deste projeto embrionário com o Museu Nacional da Ciência e da Técnica.
Estreado em dezembro de 2001 em Coimbra, no sótão do Palácio Sacadura Botte, sede do Museu Nacional da Ciência e da Técnica, e esteve em cena de 10 a 15 desse mês. E, de 23 de julho a 2 de agosto de 2003, a remontagem deste espetáculo foi de novo apresentado no sótão da sede do museu, e a 4 de outubro foi representada no Pavilhão do Conhecimento, em Lisboa, no âmbito do Festival Physics On Stage.
A Revolução dos Corpos Celestes mergulha na evolução do conhecimento sobre a nossa posição no universo. Ancorado nos avanços científicos de três dos homens responsáveis pelo que hoje conhecemos nesse campo: Ptolomeu, Copérnico e Galileu. Este trabalho pergunta-se sobre as questões pessoais, sociais, políticas, religiosas e científicas que inundaram as suas buscas da verdade. Questões profundamente humanas, logo maravilhosamente teatrais, que não raras vezes tocam a pergunta última e primeira: O que somos nós?
Há de facto muitas perguntas neste trabalho, perguntas de uma busca humana, contínua, desde um ontem tão antigo como o homem social e que provavelmente se manterão depois de nós e das nossas respostas. O que somos nós? Qual o nosso papel? Onde foi o princípio? E como? Será que estamos sozinhos no universo?
Uma das respostas que temos hoje diz-nos que na sala de teatro, não estamos sozinhos. Somos um todo, palco e plateia. Enrolados em interrogações comuns, uma resposta leva-nos inevitavelmente a outras perguntas. Será esse o nosso papel? O de questionar e partilhar essas perguntas com os outros? O de propagar o perguntar?
Será que rodamos em torno do Sol?
Discussão e Ideias Isabel Rogeiro, Mário Montenegro, Nelson Rodrigues
Texto e Encenação Mário Montenegro
Interpretação Mário Montenegro, Nica Guerra, Nuno Fareleira
Figurinos Lisa Losa
Desenho de Luz Mafalda Oliveira
Cenografia Marionet
Penteados Paula Rodrigues
Costura Cristina Rojão
Carpintaria Carlos Figueiredo
Fotografia de Cena Francisca Moreira
Operação de Som Rui Capitão
Produção Executiva Marionet
Coprodução
Marionet | Museu Nacional da Ciência e da Técnica Dr. Mário Silva
Apoios
Câmara Municipal de Coimbra
GRETUA
Ilídio Design
MAFIA – Federação Cultural de Coimbra
Residencial Marininha
Rádio Universidade de Coimbra
Agradecimentos
Carlos Fiolhais, Carlota Simões, Fátima Lemos – Atelier de Costura, Fernanda Rojão, João Fernandes, Maria João Feio
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